Diferença entre Porter e Stout: o enigma das cervejas inglesas escuras
Se você aprecia cervejas escuras provavelmente vai lembrar desses estilos: Porter e Stout, ambas com caráter de bastante malte - sobretudo escuros - que remetem a torra. A diferença das cervejas pode ser muito sutil em primeira vista.
Em uma abordagem simples, a Porter surgiu antes, acerca do ano de 1700, com notas torradas mais baixas e graduação alcoólica menor, e era chamada cerveja do Porto, por vezes uma mistura de outras cervejas. A Stout, ou melhor, as variações de Stouts, surgiram a partir da Porter. Porém atualmente existem muitas variações em ambos estilos, o que dificulta ainda mais determinar uma linha divisória entre uma e outra.
Historicamente também, Stouts às vezes são difíceis de distinguir de Porters, o estilo de cerveja do qual Stouts envolveu. Uma das primeiras Stouts foi "Extra Strong Porter" de Arthur Guinness, feita primeiramente em 1759 em sua recém-alugada St. James Gate Brewery em Dublin. Esta cerveja logo adquiriu o nome de Stout Porter e, eventualmente, ficou conhecida apenas como Stout. Enquanto a cerveja Guinness possuía ABV de cerca de 4%, as Guinness Stouts atuais podem ter um ABV de até 10%. (Fonte: Horst Dornbush, Beer Styles fron Around The World).
Pois bem, estamos descrevendo uma boa introdução para uma tese que não chegará assertivamente a uma definição absoluta sobre os estilos. A Porter tem uma vantagem histórica de ter sido criada antes, mas nem tudo são flores. Literalmente. Porter eram algumas vezes cervejas blendadas de outras cervejas, servidas no Porto, de caráter barato. O amargor da Porter não remete a força de lúpulo, outrossim do caráter adstringente dos maltes. Já as Stouts surgiram em variações da Porter, porém com características mais marcantes, sobretudo de maltes e lúpulos, atualmente com possibilidades de variações que podem deixá-las mais leves que suas primogênitas, ou até extremas com inclusão de especiarias - algumas muito características, outras inesperadas para o estilo.
Para os principais guias de estilo, o BA remete 2 estilos de Porter: Brown Porter e Robust Porter. A cerveja oposta, Stout, possui alguns mais: Oatmeal Stout, Imperial Stout, Classic Irish-Style Dry Stout, Export-Style Stout, Sweet Stout, estilos que remetem a força e equilíbrio dos lúpulos. O catálogo para o BJCP é tão variado quanto. Baltic Porter, English Porter e American Porter são mais recorrentes entre as Porters. A icônica Stout ganha igualmente mais variedades nas dark beers inglesas: Sweet Stout, Oatmeal Stout, Tropical Stout, Foreign Stout, American Stout, Imperial Stout, Irish Stout e Irish Extra Stout representam a variedade possível do estilo.
Portanto, quando você levar até a boca uma cerveja escura, acreditando ser uma cerveja inglesa, maltada e com características de terra, torrefação, força de lúpulos sutil a moderado, observe atentamente as possibilidades. Invariavelmente o cervejeiro pode ter pensado criar uma coisa e ao paladar entendermos outra.
Malte, torra sutil, lúpulos imperceptíveis, drinkability muito elevado: chance de ser Porter.
Malte, graduação alcoólica elevada, torra alta, lúpulos presentes e especiarias: chance de ser Stout.
Entretanto, observe cada variável ao referencial do guia atual. Mudanças no estágio de maturação ou desvio na fabricação podem trazer uma leitura equivocada do que pode ser o estilo. É infelizmente comum boas cervejas de um estilo estarem equivocadamente inscritas em um estilo similar, inadequadamente, um linear mínimo que pode transpor uma cerveja a outro patamar e assim resignar sua nota e desclassifica-la quanto ao conceito.
Afinal, qual a diferença entre Stout e Porter? Bem, qual Stout ou Porter estamos falando? Se até mesmo algumas cervejarias se equivocam, vamos continuar bebendo para decidir.
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