Vivemos um novo momento no mercado de cervejas brasileiro. O
processo de elaboração de uma cerveja com todos os ingredientes brasileiros,
que trouxe ainda mais tecnologia e ciência para desenvolver os insumos, nos
deixa empolgados no que o futuro nos reserva.
A Todanossa já entrou para a história da indústria
cervejeira no Brasil, mas sabemos que ainda há muito para ser desenvolvido.
Através dela, portas foram abertas para que cada vez mais nasçam cervejas 100%
brasileiras.
O estilo Brazilian Pale Ale se deve ao fator da levedura ter
características de alta fermentação, pela cerveja ser clara e ter em sua
receita todos os ingredientes brasileiros. Mas queremos lembrar de que um
estilo não se cria, ele se manifesta. O estilo é influenciado pela organização
das cervejarias, da informação dada ao consumidor e de todo o ecossistema
cervejeiro, pela tecnologia implementada em seu desenvolvimento nos seus
insumos e no regionalismo onde foi produzida. O desenvolvimento da Todanossa só
foi possível devido a união de empresas e pessoas dedicadas.
O trabalho de malteação é um processo estável, mas ainda
requer boas práticas no campo para que tenhamos grãos cada vez mais adequados
na fabricação de bebidas. Na Todanossa utilizamos a cevada nacional que é
elaborada em três tipos: Viena, Pale Ale e Pilsen. Todos bem desenvolvidos pela
Malteria Blumenau, onde tivemos laudos técnicos e assessoria através das
malterias da Ambev.
Já os lúpulos nos trazem desafios constantes. Nunca
duvidamos do potencial de cultivo dessas plantas e com o recente incentivo à
agricultura familiar, o empenho de institutos e pesquisa na área e o constante
investimento em maquinário acreditamos que essas plantas evoluam décadas em
poucos anos. Após a fase de ceticismo do ser possível, viveremos uma fase de
ganho de escala que sabemos que não teremos a capacidade de autossuficiência,
mas ter lúpulos locais nos dará oportunidades de produzirmos cervejas com
características regionais. Faremos cervejas novas com lúpulos novos. Podemos
ver isso como papel fundamental da Fazenda Santa Catarina, que se conectou
conosco desde o princípio e fomos atenciosos como podíamos.
A água é um ingrediente essencial na produção de cervejas e
também é sinônimo de vida, já que não há vida sem ela. A Lohn Bier está
localizada em Lauro Muller, e o local foi escolhido não apenas pela nossa
origem, mas também pela nossa fonte de água. Por mais que a tecnologia e
estudos forneçam opções no tratamento de água, sabemos que quanto menor a
manipulação, mais saudável será nossa relação com a natureza. Sempre é oportuno
lembrar que, “fazer cerveja é basicamente deslocamento de água e controle de
temperatura.” (Richard Westphal Brighenti)
Sabemos que todos os ingredientes são importantes, mas
acreditamos que a levedura seja a protagonista. O trabalho dos pesquisadores
Rene Aduan Jr. e Ana Carolina Souza Ramos de Carvalho foi fundamental no
projeto. Eles pesquisam novas leveduras brasileiras há muito tempo e
acompanhávamos com admiração o trabalho deles. A descoberta da nova levedura
possibilitou a aproximação pelo projeto da Fazenda Santa Catarina.
Rene e Ana nos encaminharam uma levedura com grande
potencial e que coincidentemente era catarinense, testada cinco vezes, duas na
cervejaria Lohn e outras três vezes no CIT no Rio de Janeiro. Após os testes, a
levedura foi sequenciada geneticamente e identificada como nova e de
características Saccharomyces.
A cerveja Todanossa é uma Brazilian Pale Ale. Brazilian com
Z, pois acreditamos que a cerveja não será apenas para nós brasileiros, ela tem
potencial internacional, assim como tudo que o mercado brasileiro desenvolve e
é observado mundialmente com muitos méritos.
A cerveja é clara (Pale), fermentação acima de 15°C (Ale),
corpo leve, amargor para 30 IBUs e singelos 4,2% ABV, dando muita drinkability
para ela. Lúpulos de amargor e aroma da safra 2021, ornam com fenóis e de
frutas amarelas de levedura, repetindo as sensações ao final de boca. Esse
conjunto faz com que a cerveja tenha características novas no conjunto, uma
legítima Ale Clara Brasileira.